Sobre o Commom Charity
Normalmente escrevo artigos de Magic. Ainda assim, às vezes eu me encanto com alguma coisa de outro jogo, e quando vejo estou comprando um deck pré-construído e aprendendo algo novo. Dessa vez, irei escrever sobre algo que me animou muito no mundo de Yu-Gi-Oh!, o chamado Common Charity, um formato alternativo originalmente descrito pela Konami e, encurtando bastante, é Pauper de Yu-Gi-Oh!
Para aqueles que não estão a par, Pauper é um formato de jogo de Magic: The Gathering, onde só são permitidas cartas de menor raridade, comum. O objetivo é acessibilidade financeira e de estoques de cards, o que permite que jogadores participem sem ter que gastar grandes quantias de dinheiro ou terem coleções grandes.
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Além disso, o formato também incentiva a criatividade e a inovação, pois jogadores precisam encontrar maneiras de vencer com cartas menos convencionais. Ainda assim, baixa raridade não quer dizer nada no Pauper, uma vez que cards poderosos também estão presentes no formato.
Buscando um feeling parecido no Yu-Gi-Oh!, o Common Charity se espelha nisso, utilizando cards com preços razoáveis, mas sem perder a essência do jogo e com o uso de cartas interessantes. Arquétipos quase inteiros, com alguns ótimos monstros finalizadores, estão incluídos no formato, e Staples bem fortes em níveis de competição como Ash Blossom & Joyous Spring estão disponíveis.
Em um jogo onde decks competitivos duram alguns meses e custam na casa dos milhares de reais, Common Charity realmente me cativou, com a possibilidade de nos oferecer experiências sem o medo da perda de investimento, devido a Banlists cada vez mais cruéis.
Outras Regras
O formato é sugerido pela Konami com um set de regras alternativas pro seu Monstros de Duelo padrão, mas mesmo assim não tem muita profundidade, se resumindo a um único parágrafo escrito em um anúncio da empresa. O que infelizmente não faz dele tão importante para a empresa como o formato de comuns do Magic é para a Wizards, que apesar de não dar uma ênfase tão grande ao Pauper tem sim um comitê de regras e sancionamento mais ativo, que acompanha e ajuda a evoluir o jogo com banimentos e ajustes.
Common Charity não tem lista de banidas oficial, a não ser as cartas de raridade superior a comum. Esse tipo de ajuste ficaria a cargo de grupos de jogo e se restringiria localmente a eles, uma vez que apesar de existirem grupos dedicados ao formato na internet, não temos uma entidade central regulamentadora.
Outra regra que é estipulada pela Konami mas pode ser facilmente driblada se o grupo de jogo concordar, é que os cards usados nesse formato tem que ser em sua versão comum. Diferente do Pauper, onde podemos encontrar muitas peças em outras raridades. Isso, num geral chateia um pouco na hora de conseguirmos cards, uma vez que existem diversas cartas disponíveis como comuns em apenas um produto de tiragem bem reduzida. É uma regra pela qual eu particularmente não prezaria, mas talvez existam aqueles que se interessem em optar por ela.
Principais decks do formto
É preciso deixar claro que o formato tem seus próprios tubarões. Assim como o Pauper do Magic sofre com algumas estratégias centralizadoras, o Common Charity também possui decks mais expressivos. Ainda assim, o Common sofre menos com desnível entre decks, deixando espaço para criatividade rolar, enquanto garante um bom atrito nas partidas.
Abaixo, algumas dos principais arquétipos que os jogadores usam:
Lunalight
Lunalight é um arquétipo que visualmente gosto muito, apresentado originalmente no anime Arc-V. Como o nome sugere, as cartas aqui estão relacionadas à lua e apresentam uma aparência temática de dançarinos e animais noturnos.
O arquétipo é um conjunto popular de cartas de monstros em Yu-Gi-Oh! que se concentra em realizar Fusão de monstros com rapidez e eficiência. Eles apresentam habilidades únicas que ajudam a aumentar a capacidade de invocação de outros monstros Lunalight, bem como proteção adicional para seus monstros em campo, tornando-os uma escolha popular para muitos duelistas. O deck é considerado desde o começo do formato o que melhor performa apenas com cartas comuns.
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Rodando todos os monstros mais fortes do arquétipo em seu Extra Deck é muito fácil entender a facilidade que o baralho traz para o formato, e pode ser uma escolha muito boa para quem está começando.
Gouki
O arquétipo Gouki é um conjunto de cartas de monstros introduzido no jogo em 2017, no conjunto "Code of the Duelist". O arquétipo Gouki é focado em ataques diretos e em capacidades de combate corpo-a-corpo.
As cartas Gouki têm uma aparência temática de lutadores de artes marciais e apresentam nomes baseados em golpes e movimentos de artes marciais, como Gouki Octostretch e Gouki Headbatt. Cada carta Gouki tem habilidades únicas que ajudam a aumentar a capacidade de combate dos outros monstros Gouki em campo e, assim, possibilitam uma estratégia de jogo agressiva.
Em especial, eu gosto de como Gozen Match se comporta nesse deck em partidas contra baralhos com mais atributos, como Tenyi. Mas contra Lunalight, cujo deck é composto em sua maioria de cards do atributo Dark, é bom trocá-lo por algo do side. Ainda assim, é uma floodgate bem forte no formato, e dá bem o exemplo de que não é porque o Card é comum que ele é fraco.
Tenyi
As cartas Tenyi têm uma aparência temática de criaturas dragônicas com elementos naturais e habilidades únicas. Focados em ativar seus efeitos quando não existem monstros com efeito em campo, esse arquétipo normalmente é visto no principal formato do jogo ao lado do arquétipo Sword Soul.
O cerne do deck gira em torno de invocar um dos dragões Tenyi, normalmente por invocação especial frente a um campo sem criaturas e depois, dar um jeito de colocar uma criatura sem efeitos em campo, normalmente o Monk of the Tenyi. E quando falamos de invocação especial nos referimos a quase qualquer card.
Uma característica marcante do arquétipo Tenyi é que seus monstros de nível superior, como o Tenyi Spirit - Ashuna e o Tenyi Spirit - Vishuda, podem ser invocados sem a necessidade de uma Invocação de Fusão, Ritual ou Synchro. Em vez disso, esses monstros podem ser invocados diretamente da mão do jogador durante sua Fase Principal.
Predaplant
Desde a era de 5D’s, decks de criaturas do tipo planta sempre foram populares e tiveram um bom número de suporte e cards, como Lonefire Blossom que ajudavam a suas estratégias fluírem.
Como um bom deck de fusão, ele não só carrega Polymerization, mas também cards que permitem a invocação do Extra Deck sem a ajuda da mágica, como Predaplant Chlamydosundew. Infelizmente não temos alguns monstros como Predaplant Chimerafflesia, que tem uma alta raridade, mas podemos sim contar com outros outs poderosos no deck, Predaplant Dragostapelia, por exemplo, saiu como comum em quase todas as suas encarnações e cumpre um papel importante no baralho.
Predaplant Ambulomelides também está no baralho, sendo um ótimo alvo para Instant Fusion! E se quiser exagerar um pouco, o próprio Starving Venom Fusion Dragon está no deck.
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Suship
Esse aqui é meu petdeck do formato. Combinando meu amor por culinária com máquinas de guerra, os Suship são literalmente navios de guerra em forma de Sushi, que performam invocação XYZ para virar navios melhores.
O deck gira em torno de Gunkan Suship Shari, que pode ser buscado facilmente por Unexpected Dai e em outros cards que imitam seu nome, como Gunkan Suship Ikura. O importante é saber que você pode contar com um Shari o máximo possível em campo, para lhe permitir fazer seus malabarismos de peixe cru de forma satisfatória.
Dependendo dos Sushis que montam seus XYZ é possível também fazer habilidades e minicombos diferentes, aumentando a gama de jogadas possíveis com o baralho e trazendo diversidade de caminhos a serem seguidos. Gunkan Suship Ikura-class Dreadnought, por exemplo, te permite comprar um card e atacar duas vezes na fase de batalha quando é feito com o Shari e o Ikura, respectivamente. Atacar duas vezes com Ikura-Class Dreadnought é ainda melhor quando se tem a noção de que a cada dano que ele causa você pode destruir uma carta do oponente.
Time Thief Redoer
Por último vou falar de uma carta que me agradou muito no slot comum e que permite meu tipo de jogada favorita, malabarismos com condições super específicas. Time Thief Redoer exila cartas do topo do deck do oponente, causando uma certa disrupção nas suas compras, e depois usar esses materiais para desencadear efeitos específicos.
É sempre uma carta que me dá muita satisfação de usar, e o jogo fica muito mais divertido com ela.
Considerações finais
Adorei conhecer o formato e jogá-lo, é algo que eu sinceramente acho que possa ser de interesse da comunidade do Brasil, uma vez que foca em cards de preços mais acessíveis e permite estratégias que não focam tanto em jogar paciência sozinho por vinte minutos enquanto o oponente te encara.
É realmente uma coisa bem animadora pro jogo e grupos podem se formar a partir disso e jogar o formato para se divertir e competir.
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